Em junho deste ano, ciclistas de Salvador fizeram
evento para pedir mais ciclovias e estrutura na cidade
Falar em
"projetos de mobilidade urbana em Salvador" já causa desconfiança na
população da capital baiana, devido ao longo período sem a conclusão do
prometido Metrô. Mas o tema aqui em questão requer uma mudança de mentalidade,
seja por parte da esfera governamental, privada e do público.
É o Cidade
Bicicleta, projeto da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Governo do
Estado da Bahia), que promete entregar a Salvador uma malha de 217 quilômetros
em ciclovias e ciclofaixas, o que pode tornar a capital baiana a cidade
brasileira com maior oferta de vias para o uso da "magrela" no país.
Orçado em sua
totalidade no valor de R$ 40 milhões, o Cidade Bicicleta já está em curso, com
a abertura de licitações para os projetos executivos de cinco etapas: os
trechos da Arena Fonte Nova (etapa A, 5,47 km), Centro Antigo (etapa B, 13,74
km), Centro-Orla (etapa C, 14,01 km), Orla (etapa D, 16,06 km) e Itapagipe
(etapa E, 14,6 km).
A promessa é que as
obras comecem de fato entre os meses de maio e junho de 2013. Quem garante é o
superintendente de desenvolvimento urbanístico da Conder, Antônio Brito.
"Com o
resultado da licitação, o vencedor terá quatro meses para desenvolver o projeto
executivo, o que deve acontecer até o final de março (de 2013). Depois, será
aberta uma nova licitação para a obra, que ocorrerá entre abril e maio. Então,
é possível que o início das obras aconteçam entre o final de maio e o início de
junho".
As obras começam
pela realização dos trechos da etapa A (entorno da Arena Fonte Nova) e etapa B
(Centro Antigo), que terão os resultados das licitações do projeto executivo
divulgados no próximo 21 de novembro. O custo estimado para estas duas etapas é
de R$ 3.919.800,00. As outras etapas tem previsão de custo estimado em R$ R$
6.134.280,00 (etapas C e D, Circuito Centro-Orla e Orla) e R$ 2.978.400,00
(etapa E, Itapagipe). No dia 3 de dezembro, serão divulgados os vencedores
dos editais do projeto executivo do Cidade Bicicleta para as etapas C, D
e E.
Apesar de ter o
início de sua implementação no vácuo das obras para a realização da Copa do
Mundo no Brasil em 2014, com verbas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
e do próprio governo estadual, Antônio Brito afirma que o projeto do Cidade
Bicicleta foi feito principalmente pensando na classe de renda mais baixa.
Segundo pesquisa
feita pela Conder em Salvador, em 2009, 60% dos usuários de bicicletas na capital
baiana não tem renda ou ganham até uma salário mínimo. Além disso, 66% dos
entrevistados declararam usar o veículo não motorizado para trabalhar.
"O Cidade
Bicicleta foi pensado para eles. O projeto surgiu como um desenvolvimento de
transporte não motorizado para Salvador. A Copa só veio a ajudar o início da
sua implementação, mas não se restringe ao entorno da Arena ou locais de
visitação turística. A malha chega ao Subúrbio, Lauro de Freitas... . Estas
pessoas já se locomovem na cidade com bicicleta, até por não ter dinheiro para
outros tipos de transporte. Precisamos oferecer a elas uma mobilidade sem que
tenham sua segurança comprometida devido aos veículos. Na nossa pesquisa, 84%
dos entrevistados indicou a segurança no trajeto como o maior problema",
diz Brito.
Escrito por Lucas Cunha
Fonte: A Tarde
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